O texto aborda a ética profissional como desdobramento da ética aplicada, explorando a evolução histórica das concepções de trabalho em diferentes culturas e sua relação com a construção de códigos de conduta profissional.
A transformação cultural que elevou o trabalho de atividade degradante (associada a tortura e castigo) para virtude moral central nas sociedades capitalistas, através da ética protestante.
A ética profissional emerge como mecanismo de autorregulação das categorias profissionais em resposta à centralidade do trabalho nas sociedades modernas, combinando elementos históricos, culturais e normativos.
O texto traça um panorama histórico-filosófico da relação entre trabalho e ética, demonstrando como diferentes culturas atribuíram valores distintos à atividade laboral. Da concepção negativa nas sociedades antigas à sacralização capitalista, culmina na necessidade contemporânea de códigos de ética profissional como forma de legitimação social.
A disciplina estuda a ética profissional como aplicação prática de princípios éticos. Examina a evolução do conceito de trabalho desde visões negativas (como castigo divino ou atividade inferior) até sua valorização no capitalismo através da ética protestante. Destaca como essa transformação exigiu a criação de códigos de conduta para regular as profissões na sociedade contemporânea.
O texto menciona implicitamente a aplicação ética na educação através da necessidade de regulamentação profissional docente e construção de valores cidadãos.
A análise mostra como diferentes contextos culturais (grego, romano, judaico-cristão) produziram concepções éticas distintas sobre o trabalho, demonstrando a relação intrínseca entre ética e cultura.
Olá, Luna.
Eu sou professor Elivágnia, essa é a nossa disciplina de ética a cidadania e a sociedade.
Na aula de hoje, nós vamos enfocar um aspecto do que nós chamamos de ética aplicada, que é ética profissional.
Nós temos a ética enquanto disciplina que estuda as ações humanas, que resolve problemas racionalmente equacionando questões de legitimidade de injustiça, da origem a um estudo sobre amoral, tenta de alguma forma criar regras normas lês, que vão originar os códigos jurídicos, as lêsas constituições, da origem a ideia de direitos humanos, da origem em fundamento a própria disciplina de ética, a noção de cidadania, que é a base da constituição do que nós chamamos de estado democrático de direito, tudo isso nós já vimos do ponto de vista conceitual.
Agora é um momento de pensar a ética do ponto de vista da sua aplicação, é claro que anteriormente nós já estávamos vendo a ideia de uma aplicabilidade desses conceitos.
Nós vamos para um aspecto mais prático da vida cotidiana, que é a ideia de ética profissional.
Mas para entrar na ética profissional nós precisamos entender o que é o trabalho, o qual é o significado do conceito de trabalho, do ponto de vista da cultura humana e das culturas humanas, porque o trabalho nem sempre foi visto com a mesma perspectiva, existem momentos, existem culturas que dão uma valorização maior ao trabalho, ao trabalho teórico, ao trabalho braçal, ao trabalho técnico, ao trabalho manual, a existe toda uma concepção ética do trabalho, então nós vamos fazer uma espécie de estudo histórico sobre o universo do trabalho, para final responder uma questão sobre ética profissional, sobre o mundo do trabalho, o pai era sempre uma dúvida ética, uma dúvida moral, uma dúvida conceitual, ou até de opinião, se o trabalho é uma coisa boa, se o trabalho é uma coisa prazerosa, se o trabalho é uma coisa que nos traz um benefício, é claro que algumas respostas são óbvias, mas nem todo mundo tem a mesma visão do mundo do trabalho, nós temos visões diferentes.
Então nós vamos acompanhar na história da cultura humana, algumas concepções de trabalho e essas concepções têm sempre um elemento ético, nós vamos ver no primeiro exemplo aqui, o primeiro exemplo vai dizer o seguinte, os animais, eles vivem de certa forma, em harmonia com a natureza, então existe, desde que não há tanta intervenção humana na natureza, os animais têm uma relação com o mundo natural, que parte do princípio de que a sua ação está em confluência harmonica com o natural, então ele é um predador, ele obtém um alimento, ou ele é um coletor, ele tem um meio ambiente no qual ele vai sobreviver, mas o ser humano tem uma relação com a natureza muito mais complexa, porque ele tem uma relação de trabalho, ele tem uma relação que parte do seguinte princípio, isso a gente pode pensar até nos primórdios da humanidade, de que a natureza não fornece gratuitamente, a não ser na ideia de coletivismo, de coletar o alimento, isso é alimentar, mas essa é uma ideia muito primitiva, a natureza não fornece a sustentação da vida de maneira muito fácil por ser humano, então a primeira ideia de trabalho vem dessa ideia de tentar processar através de ferramentas, a criação de ferramentas, desde as ferramentas mais rusticas, as mais complexas, um processamento dos recursos naturais para a autossustentação da vida e para a proteção da vida, então aí já entra um inverso do trabalho, então os animais vivem a harmonia com a sua própria natureza, significa que o animal age de acordo com suas características de sua espécie e instintivamente, então de certa forma nós não podemos dizer que o animal trabalha, porque a concepção de trabalho parte do princípio de uma racionalização de processos, uma racionalização inteligente claro, de processos complexos para a obtenção da sustentação e da proteção natural, então como os animais estão programados instintivamente, eles de alguma forma obedecem ao movimento natural, eles estão no determinismo natural, então para uma definição de trabalho mais ampla, mais cultural eu posso dizer que quem trabalha é o ser humano, o animal age instintivamente, é claro que tem vários exemplos, por exemplo uma aranha, teste, uma teia e aquilo é um trabalho complexo, eu vejo usei para a palavra trabalho, mas aquilo é instintivamente feito, e o animal provavelmente não faz um planejamento de trabalho tão complexo e tão alongo o prazo como nós fazemos, então para uma definição mais ampla, mais complexa e cultural de trabalho, trabalho é uma atividade humana, o ser humano ao contrário é imperfeitamente programado, ele vai dizer, a sua constituição biológica é mais limitada, então ele precisa, a sua estrutura de instintos é insuficientemente especializada para sobrevivência, é claro que nós já estamos numa condição bastante complexa de nível de sociedade, de sociabilidade e de tecnologia, mas nós sabemos que seres humanos soltos em uma floresta tem uma possibilidade sobrevivência menor do que no ambiente onde tudo já está processado pelo trabalho, como nas sociedades, então o mundo humano é um mundo aberto, ele é um mundo que deve ser construído pela proprietividade humana e chamou-se, denominou-se essa atividade como o trabalho, mas o trabalho nem sempre teve uma perspectiva eticamente positiva, por exemplo o trabalho, a primeira era de venda palavra tripálion do latim, uma origem etmológica da palavra trabalho, que era um instrumento de usado para bater o trigo, é uma filipeta de madeira com três pontas que era usada para tirar acelente do trigo, logo aquele instrumento, aquela ferramenta, passou a ser usado para bater num outro ser humano, isso é como um instrumento de tortura, um ambiente escravocratal, você tinha aquele instrumento como um castigo, então veja, a palavra trabalho vem de uma ideia de um instrumento de tortura tripálion, guarda essa concepção, depois, num certo momento da cultura humana, ao surgimento da tradição judaico cristã, e nós nos remetemos ao mito do genes, ou a história, a origem bíblica do conceito de trabalho, ali existe a ideia do trabalho como ligado a uma punição a um sofrimento, então daquela confluência de ações no jardim do Edel, dentro da chamada mitologia ebraica, judaica, você tem uma transgressão chamado pecado original, e um castigo, o castigo seria abre aspas, ganharás o seu pão com o suor do seu rosto, mas uma noção de trabalho aí baseado numa ideia de castigo, mas então para ele, o trabalho é visto como tortura e como castigo, culturalmente existem essas origens, então assim é por um esforço doloroso que o ser humano sobrevive na natureza, os gregos por sua vez consideravam um trabalho, uma expressão de um tipo de miséria humana, então os seres humanos precisam trabalhar para conseguir o seu sustento, isso de alguma forma era uma concepção da miséria humana, o ser humano não tem tudo garantido como os deuses, ele tem que se esforçar para garantir a sua sobrevivência, então isso também não é um aspecto, uma interpretação do conceito de trabalho assim totalmente positiva, mas nós teremos visões muito positivas do trabalho, e na concepção dos latinos, você tem a ideia de ócio e a ideia de, que é a ideia ligada a laser, a atividade intelectual, e tem a negação do ócio, que é um negócio, que impõe um trabalho, o ócio é visto com mais prazer, com mais alegria pelo ser humano de certa forma, desde que ele não tenha entrado ainda naquele universo do relógio moral, da produtividade nas sociedades industrializadas, por exemplo, que é uma sociedade que vai ver o mundo do trabalho com uma perspectiva muito mais otimista, né? Por honestótele, por exemplo, a diferença entre os homens era natural, não havendo qualquer contradição, na divisão existente entre o trabalho manual, e as atividades intelectuais e políticas, então existiam uma superioridade da atividade intelectual em relação à atividade manual ou obração, né? Então, atividades técnicas seriam mais valorizadas que atividades braçais, que usam da força física, né? Até hoje isso permanece, de certa forma, na valorização que nós damos ao trabalho técnico ao trabalho.
Tudo isso pra gente entender o seguinte, né? O trabalho, ele não é visto em todas as épocas, em todas as culturas, do ponto de vista mais valorativo, que nós temos a partir do surgimento das sociedades industrializadas, principalmente a partir do surgimento da sociedade de mercado, né? A sociedade de mercado vai determinar uma espécie de valorização do trabalho, porque o trabalho estará sempre associado a uma espécie de projeção social nesse ambiente cultural, né? Então, a ética profissional ou a ética trabalhista ou a própria concepção que o ser humano tem do trabalho vai mudando de geração para a geração e vai mudando de cultura para a cultura.
Então, nós já vimos que em diferentes, em diferentes culturas, nós temos diferentes interpretação do que é o trabalho.
Em umas, o trabalho é visto como uma coisa mais negativa, em outras expressão de uma certa miséria humana, em outras o trabalho é visto como uma coisa muito positiva, como é, no caso, da sociedades capitalistas, da sociedades de mercado, que valorizam uma espécie de ética do trabalho, né? Nós temos uma espécie de valorização do mundo do trabalho, porque o mundo do trabalho dá um nível de projeção social ao indivíduo.
Muito bem, o trabalho passa a ser valorizado dessa forma quando ele passa a ser um fator de enriquecimento e de projeção social, né? Então, legitima-se o que era visto de forma negativa, né? Numa sociedade capitalista.
Então, na sociedade capitalista, a riqueza não é mais vista como um pecado, por exemplo, ela é vista como uma projeção até divina, uma projeção de uma recompensa divina para o indivíduo que se esforça e que trabalha, né? Isso é muito bem retratado, muito bem estudado numa obra clássica da sociologia, que é uma obra do Max Weber, que é antitulada à ética protestante, o espírito do capitalismo.
Nessa obra, o Max Weber faz uma análise das condições em que passa a ser interpretado o mundo do trabalho a partir de uma influência religiosa, né? A influência de uma ideologia religiosa vai determinar uma nova valorização do trabalho no mundo da industrialização, no mundo da sociedade moderna e contemporânea, que é o mundo da sociedade de mercado, né? Então, a finalidade do trabalho passa a ser não só a manutenção da vida, mas também passa a ser um nível de projeção social.
Essa projeção social seria o reflexo de uma benção divina dentro de alguma concepção específica de religiosidade que vai influenciar todo o que ele vai chamar de ética protestante dentro do espírito do próprio capitalismo.
Muito bem, a partir dessa concepção, nós temos uma valorização maior das profissões e do mundo do trabalho, né? Então, com a produção mecanizada, o trabalho é glorificado como a essência da sociedade do trabalho.
Não se conserve mais a possibilidade de existir ordem social fora da ordem moral.
Então, o trabalho passa a fazer parte de um conteúdo moral da humanidade, né? O trabalho passa a ser entendido, interpretado como uma virtude, né? Então, a ideia de que o trabalho dignifica, né? A ideia de que o esforço dignifica.
Essa propensão, a uma valorização do trabalho começa da origem as chamadas éticas trabalhistas, porque as profissões, cada vez mais, pretende uma projeção social a ter um significado social relevante.
E, portanto, para que uma profissão, uma categoria profissional, tem uma relevância social, ela tem que se policiar éticamente.
Se ela tem que criar um código de alto proteção ética, ou seja, um código de alto regulamentação ética, para que ela tenha uma visibilidade profissional interessante.
Então, essa sociedade voltada para o trabalho, a necessidade de criar um corpo disciplinar que envolve os indivíduos dentro de fora do universo do trabalho.
Mas isso acaba entrando na nossa própria consciência moral, né? Nós passamos a valorizar o tempo usado no trabalho como um tempo mais nobre, né? Como um tempo de maior valorização social.
Se eu trabalho, eu tenho um reconhecimento social.
E é claro que isso vai determinar uma espécie de relógio moral, né? Quando eu estou ocioso de certa forma, eu sinto algum tipo de culpa ou de culpabilidade.
Fulóio, eu preciso produzir, eu preciso.
Essa lógica, ela é incorporada culturalmente por essa tendência de valorização do trabalho.
Essa valorização do trabalho é positiva, né? Porque ela gera riquezas, a geração de riqueza traz bem-estar social.
E, portanto, o ser humano de alguma forma faz as pazes como um mundo do trabalho.
Mesmo trabalho sendo, do ponto de vista artístico, do ponto de vista ético, muitas vezes, ponto de vista intelectual, muitas vezes, por alguns autores, visto a forma como o trabalho é desenvolvido nas sociedades contemporâneas, é visto com certa crítica, né? Hoje, por exemplo, há uma valorização do que é chamado de ósio criativo, algumas tendências sociológicas que tentam retirar uma espécie de massificação e deshumanização do mundo do trabalho.
Então, alguns autores definem a ética profissional como um conjunto de normas de conduta, que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão para valorizar aquela profissão.
Seriam uma espécie de ação alto-reguladora da ética agindo no desempenho das profissões, né? Então, você tem aqui uma ideia de que a valorização das atividades profissionais passa muito por uma questão ética, isso é, pela alta regalumentação ética das categorias, né? Então, a ética profissional estudaria e regularia o relacionamento do profissional com a sua clientela dando visibilidade humana, com a construção de uma imagem profissional ética para a sociedade, daí você tem um AB, o Conselho de Regional de Medicina, você tem as instituições educacionais baseadas na ética, você tem toda um cuidado de alto-regulamentação das profissões no sentido do exercício ético das profissões.
Então, ela atinge todas as profissões, quando falamos de ética profissional estamos no referindo ao caráter normativo, né, desses códigos de ética, e até no caráter jurídico, né? Porque algumas pessoas, quando transgridem o código de ética da sua profissão, são banidas desse universo de ação profissional, né? Então, uma alta regulamentação dessa ideia de que a ética profissional é fundamental para a constituição do mundo do trabalho e do mundo das profissões.
Até a próxima aula.