O texto é uma transcrição de entrevista com o escritor moçambicano Mia Couto, vencedor do Prêmio Camões. Aborda seu processo criativo, influências literárias, relação com a poesia, contexto da guerra civil em Moçambique e conexão com leitores brasileiros.
Mia Couto descreve suas narrativas como nascidas do caos, coincidências e equívocos. Revela que começou a escrever por uma "incompetência para viver", usando a literatura como refúgio e reinvenção da realidade.
A guerra de 16 anos em Moçambique (1977-1992) é central em sua primeira obra. O livro surge como homenagem a colegas jornalistas assassinados, transformando o trauma coletivo em narrativa de resistência através da memória.
Couto rejeita a dicotomia entre gêneros: sua prosa é guiada por "lógica poética". Explica que poemas surgem espontaneamente durante a escrita de romances, servindo como ferramenta de descoberta narrativa.
Destaca a conexão visceral com leitores brasileiros, contrastando com o mercado moçambicano ainda frágil - com poucas livrarias e baixo poder aquisitivo. Critica elitismos que associam popularidade a baixa qualidade literária.
Seu recente trabalho (13 anos de escrita) desconstruiu narrativas coloniais através de pesquisa histórica. A inovação está na voz feminina que conduz a saga, permitindo-lhe "abandonar-se" para criar perspectivas marginalizadas.
A reflexão sobre linguagem como território político: Couto conscientemente reduz seu famoso experimentalismo vocabular para evitar reducionismos. A opção por narrativas menos "rebuscadas" revela maturidade artística e compromisso com acessibilidade sem perder profundidade.
Revela-se um escritor que:
"Eu comecei a criar histórias porque não tinha competência para viver [...] inventar o mundo outro" - Relação entre escrita e sobrevivência existencial.
"Fantasma. Eu tinha que ter um modo com os saco-elos" - Escrita como exorcismo de memórias traumáticas.
"Quando escrevo prosa [...] me saem poemas" - Inseparabilidade dos gêneros em seu método.
"Pessoas [...] pensam que escrevi o livro para elas" - Conexão emocional singular com leitores brasileiros.
A entrevista expõe a dialética entre local e universal na obra coutiana: enquanto raízes moçambicanas alimentam suas narrativas (guerra, oralidade), temas como identidade e memória ressoam globalmente. Nota-se ainda:
A transcrição preserva marcas de oralidade que revelam ritmo poético mesmo no discurso coloquial, confirmando sua afirmação: "minha escrita quer ser voz".
Esse que em mim em Velhese assumou ao espelho a tentar mostrar que sou eu, os outros mim fingindo desconhecer a imagem, deixar o meia soz, perplexo com o meu súbito reflexo.
A idade é isto, o peso da luz com que nos vemos.
Esses são versos do escritor Moção Bicano, Mia Colto, o versador do Prêmio Camões, considerado o mais importante da literatura língua portuguesa.
Mia é o autor de mais de 30 livros entre Prosa e verso, um autor africano mais traduzido hoje no mundo, e muito íntimo dos leitores brasileiros também.
Mia Colto é um autor que colore a Prosa Compoesia.
A Ternura Polca me vou acostumando, enquanto me adio, ser vente de danos e enganos, vou perdendo morada na sub-teleentidão de um destino que me vai sendo escasso.
Conheço a minha morte, seu lugar esquivo, seu acontecer de esperço.
Agora, que mais? Me poderia vencer.
Me estava falando de coincidências, antes de começar a entrevista.
Eu tenho a impressão que as boas histórias, geralmente, começam na vida a partir das coincidências.
Se acha que na literatura é assim também? Sim, quando não é, a gente inventa.
Porque eu sou uma coincidência.
Eu acho que sim, para mim, mais rico que talvez coincidências, seja o equivo.
Eu adoro o equivo como início de uma história, como essa construção da algo uma coisa dissipada, da repenta ali, uma desconvera.
É muito instigador para mim, e meu processo de criação.
Assim que nascem as suas histórias a partir dessas? É um pouco.
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Não, elas nascem de maneira muito caótica e quase tudo é protesto para nascer uma história.
Acho que eu comecei a criar histórias porque não tinha muito a competência para viver, para ser feliz, e tinha que inventar o mundo ou o outro.
E acho que a única coisa que a infância, a escola por pressionou para minha vida, foi que eu não estava onde estava, para me migrar de mim.
Isso é, para mim, estou sempre construindo histórias.
Me lembro que eu não as vou escrever a minha parte.
Mas estou em permanente.
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Você foi falando e me lembrei de terra sonhando, que é um livro que você é o primeiro romance, que você escreveu a partir de um desejo de falar sobre a guerra.
É um livro sobre personagens que estão nessa terra devastada pela guerra.
Acho que em busca de paz, de identidade.
E que encontram nas histórias, nas narrativas, uma forma de sobreviver, só com uma catarça, né? Foi? Foi porque na altura como você escreveu esse livro, a guerra estava presente.
Aliás, eu pensava que só se podia falar daquela guerra.
Em Moçambique.
É Moçambique.
Foi um agaracivio de um marido de 16 anos.
E no fim dos 16 anos, estamos completamente vazios lutados.
E então, eu sabia que a guerra é uma coisa que não se pode falar sobre ela.
Surturamente, se revivemos, parece sempre pouco o falar sobre ela.
E eu estava convite que não queria escrever um livro sobre aquela guerra, mas, de repente, acho que fui como senão ser assaltaado por um desejo absoluto de sobreviver, resistido, de não se conviver.
E a memória desses meus colegas.
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Foi mais do que tudo foram eles, que eram meus colegas, porque fui jornalista e vou-vos jornalistas meus colegas e amicos que morreram na guerra que foram mortos, como a Neira Barber, cruel.
E eles surgiam como.
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Fantasma.
Eu tinha que ter um modo com os saco-elos e foi por essa vida.
Nós falamos do início do que provoca em você, seus livros, né? Quando você decide que um livro chegou ao fim, parece que você tem um método curioso.
Você termina pelo início a isso.
Quando eu percebo o que vai ser o princípio do livro, normalmente acontece que eu escrevo e sei que.
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Começa a escrever, sei que aquele início é absolutamente provisório e eu vou ter que arromar tudo aquilo.
Eu vou fazendo vários títulos ao longo do processo de criação do livro e é como se fossem balisas.
Só para me orientar, porque eu sou muito dispersa e quando chegou ao fim eu percebo o que será o princípio e os obras duas pontas ao mesmo tempo.
A única vez que eu acho que fui aprendendo, é que um livro não pode ser demasiado escrito.
É melhor não escrever um livro do que eu escrevei demasiado no sentido de querer tornar muito rebuscado e explicado e estesivos, acho que aprendia a ter essa relação mais natural com a própria escrita.
Toma mais avontado com o erro.
Uma coisa do tempo também, né? É, é contensão, também, sim.
Acho que se aprendo.
Porque acho que nos primeiros livros a gente pensa que nunca mais devará nenhum outro livro a seguir e queremos dizer tudo.
Não, não é? Mas tem saudade desse momento que eu queria ser.
A poesia, sua escrita está sempre buscando, me parece, uma aproximação com a poesia.
Você começa, inclusive, na sua trajetória literária com livros de poesia, ou seja, uma relação muito profunda que a sua escrita tem com a poesia.
Por que, no determinado momento, optar pela ficção? No optei.
Acho que não optei.
Não.
Não, acho que não, porque não dependa da minha decisão porque ela está.
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Eu acho que ela está fazendo, na mesma.
Acho que sou guiado por essa lógica poética.
E quando escrevo prosa, como se eu.
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Tivesse um exercício da poesia também.
Mas eu continuo a escrever, é uma coisa muito curiosa.
Quando escrevo um livro, contou no processo de encontrar o fi, o conductor, o arredo, e me complica muito nisso.
Eu escrevo prosa.
Eu quero escrever prosa, só me saque prosa.
Eu não senti depois de ir em verso.
E eu já.
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na satura até me incomodava.
Eu mal dizia a poesia.
Mas eu não precisia agora, eu falava, eu com ela.
E depois percebi que era uma maneira de arrumar, de me arrumar, de me perceber, de perceber a história.
Mia, falando um pouco da sua carreira literária hoje, você tem, acho que parece que mostrou todos os livros publicados no Brasil, pelo menos todos os romãs, seguramente.
Más ou menos, mesmo.
Você também publica em Moçambique.
Você também publica em Portugal.
São publicações simultâneas e como anda na verdade, o mercado do historial em Moçambique, porque eu sei que na época da guerra, ele foi praticamente arrasado.
É, foi.
Fazia esse praticamente um livro por ano, que era um coisa extraordinário.
Então, não, agora, digamos, está normalizado, um sentido que está ajustada aquilo que são as capacidades que as pessoas têm de comprar a livro do ler, que é um país que tem um incidano, a partir de muito grande, há poucas liberarias fora das grandes cidades, não existem.
Mas, eu acho que, quando acontece, eu estava tentando pensar quando surgiu um lançamento que fosse, mais ou menos, simultâneo.
Por tanto, normalmente, o público primeira é Moçambique, depois, ou em Portugal, uma brasileira seguir.
E, esse caso, o último, eu publicei, este último volume da trilogia é Moçambique, é em princípio de novembro do ano passado, depois logo a sequência em Portugal.
E depois, aqui, do moro, um pouco de imagem, vai ser publicado por razões da mercade e da política da teitura.
E essa relação com o leitor brasileiro, eu tive a oportunidade de participar aqui no Brasil de um festival literário, o filhera-cha, onde você era homenageado.
E, achei, fiquei muito, muito impressionada com a sua relação com o leitor brasileiro.
Na verdade, com a relação dos seus leitores brasileiros, com você, eu tenho, verdadeiro, frenezinto da sua presença.
É uma coisa que a gente vê de uma maneira mais rara na literatura.
E, normalmente, com autores infantis ou juvenis e ali, existe uma necessidade, eu percebi, é, claramente, uma necessidade do seu público de se aproximar de você, de conversar com você, são filas enormes.
Isso acontece de um maneiro geral, uma especificidade do leitor brasileiro, você já parou para pensar sobre isso.
Não, eu quero nem pensar sobre isso.
Mas não sei, por exemplo, émos ambigas, as pessoas que você aproximam do mim querem realmente, querem falar comigo.
Que eu gosto de que as pessoas falem comigo, mas quer dizer que é uma troca, que é a coisa que eu tenho, a minha frente não é uma pessoa, não é uma pessoa que você apresenta como fã, não é isso que me procurou, obviamente, quer que alguém, que eu tenho tempo, que eu tenho a possibilidade de testar com essa pessoa.
Mas em Portugal também, acho que é um pouco assim.
Segundo o meu editor, existe essa relação mais de quem, provavelmente, pensa que eu ao escrever, aquele livro escrevi para ele, para ele ou para ela, não sei, essa sensação observando.
Pense que pode ser isso, espero que seja isso.
Mas eu sou penalizado por isso, porque acho que, para mim, a própria ideia que eu poderia acontecer isso, eu não sei resolver esse dentro do mim, não vejo bem assim.
Mas eu sou também, acho que sou penalizado um pouco entre meus páginas, porque acho que persiste muito essa ideia de que uma literatura que está na populaire é para o que deixou ter qualidade.
E, portanto, os autores que têm essa relação com os outros, ou que venden bem, não são tão meus vídeos com os outros que são incompreendidos e que têm um público que eu estou estrid, acho que existe esse pensamento.
A partir de um determinado momento, constrói-se em torno de um autor, se ele for um autor bem cedido, que significa ter muitos leitores, alguns clichés sobre a obra dele também.
Sim, sim.
Acho que, Katunana, alguém disse que se a pessoa tenha sucesso mais ou menos ou na anime, é porque fez algo muito cerrado.
Onde é que eu iria, é que eu sempre também faço.
Mas não, não dessponto-fista, não por causa disso.
Mas eu mantenha a mesma vigilância, a mesma espirita que eu crito em relação ao que eu faço.
Assim como nós, jornalistas, construímos clichês ao falar da obra de um escritor.
Por exemplo, como o seu caso é comum, a gente está sempre citando não essa questão da poesia, mas a questão da sua invenção vocabular.
Sim, sim.
Eu me saturou muito.
E me parece que é uma coisa que, se você concorda, uma coisa que, dos últimos livros, você parece que se a face tão pouco disso.
Eu quis me libertar disso, porque, de repente, era um clichê, era um estéreo ótimo, e tudo aquilo que eu queria trazer para os livros se eu reduzia essa compadência.
Me vamos falar da trilogia.
Você acaba de encerrar, eu imagino que seja mais difícil, ainda que encerrar um livro deva-se em ser uma trilogia.
Assim, porque, com ação quase 13, realmente, para mim foi uma experiência muito curiosa, porque eu nunca pensava que seria capaz.
E foi por isso que eu me lancei nela, porque eu não era capaz.
Porque vai contra tudo que eu sou, eu sou muito espérito, eu tenho que estar muito apaixonado por aquilo que eu estou a fazer, e por isso eu não há nada à poesia, que nasce nesse rompante, que é uma iluminação.
E este trabalho requer muito a pesquisa, que requer isso que é um trabalho oficial.
Mas não é uma paixão, por isso, porque descobri que esse trabalho oficial traz sugestões muito diversas do mundo e as vozes que estão ali, aquilo que eu pensava que era um passado simples, digamos, linear de uma só dimensão, foi uma descoberta muito feliz de como é que há vários passados, em conflito, à voz oficial dos portugueses, que era a voz colonial, essa versão colonial, aquilo que foi o tempo de dominação, estava cheio de conflitos, de histórias e intrigas.
É muito curioso, e leste como se fosse, acaba por isso que foi como se fosse um romance.
Você termina a saga de um operador, moçando bicano, e a voz que guia nessa saga ou uma das vozes, pelo menos, é uma voz feminina.
É a primeira vez que você.
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Não, não, eu já fiz isto antes, e me agrade a fazer isto, porque parece que que se coloca a mamargem do mim mesmo, o meu próprio tem que me abandonar, tem que ser outro, tem que deixar de ser eu para escrever isso, dá uma grande felicidade.
Nosso amor é em puro, como em puro é a luz e a água, e tudo quanto nasce e vive, além do tempo.
Minhas pernas são a água, as tuas são luz, e dá uma volta ao universo quando se enlaçam, até se tornarem deserto e os puro.
Eu sofro de te abraçar depois de te abraçar para não sofrer.
Míri, como eu te disse, é um programa onde a gente tenta, a água a gente intenta estimular o gosto pela literatura, pela música, então sempre faço essa pergunta para os nossos convidados, que você anda lendo, e que você anda ouvindo.
Olha, eu comecei a ler uma coisa que comprei a mesma anda, que é a erta-múler, que coja a escrita, uma toma, uma pessoa muito apaixonada para aquilo que ela faz, e que eu estou ouvindo, ou me deus, e estou, e então, eu estou caotando.
Eu agora descobri uma coisa que é o pai do Jeff Buckley, um time back, um time back, um time back, um time back, um time back, um time back, um time back, um time back, um time back, e eu passo tempo por aquilo que ela fazia, pela voz dele, pela proposta melodica que ela tem que ir muito bonita.
E um grande poeta, um compositor que só tem um grande poeta, e assim como filho, uma morte tragica, muito jovem, uma intensidade talvez, né? Eu conheço esse, é muito bom eu, é maravilhoso, eu altamente recomendar.
O pai e o filho, e agora quer dizer uma coisa um pouco pessoal, se você me permite, tem uma frase sua, a minha escrita quer ser voz, eu vi você falar isso uma vez, me marcou profundamente, eu sei que você disse isso, pensando na oralidade, né? Na sua escuta, que eu acho, que você é um autor, um dos gente percebei, a sua escuta dentro do seu texto, mas isso foi uma sentença que eu tomei pra mim, eu acho que escrever é buscar essa voz, né? E eu pensei nisso quando eu decidi escrever o meu livro, se era alguma coisa que apenas eu conseguia dizer.
Isso foi uma decisão, a partir disso então queria dizer isso.
Alma, estou ligado, esta foi uma das melhores entrevistas que me fizeram, é isso, eu vou dizer isso, muito mais feito, muito entro exento, muito bem construída do coração, para mais mesmo, muito obrigado.
Fala a minha mãe, tu é o meu nome, tu é o meu nome, tu é o meu nome, tu é o meu nome,