O texto aborda dois conceitos fundamentais para a compreensão das sociedades contemporâneas: multiculturalismo e relativismo cultural. Ele explora como esses conceitos são estudados nas ciências humanas e como se materializam em políticas públicas. O professor Elevagne discute a importância desses temas para a ética, a cidadania e a convivência social, destacando a necessidade de tolerância e respeito às diferenças culturais.
O multiculturalismo é um conceito estudado por antropólogos, sociólogos e teóricos dos estudos culturais. Ele se refere à coexistência de diferentes culturas em uma mesma sociedade, valorizando a diversidade cultural como algo natural e legítimo. Esse conceito ganhou relevância com a implementação de políticas públicas que buscam promover a igualdade e o respeito entre culturas distintas.
Teóricos como Stuart Hall, Charles Taylor, Pierre Bourdieu e Peter McLaren contribuem para a base teórica do multiculturalismo, abordando diferentes aspectos como educação, política global e mundo do trabalho. O texto destaca que o multiculturalismo está presente no cotidiano, como em eventos esportivos globais (ex.: Copa do Mundo) que reúnem diversas culturas.
Políticas públicas que reconhecem e valorizam línguas indígenas, como a inclusão do tupi-guarani em materiais educacionais no Brasil, ou a implementação de cotas para povos originários em universidades.
O relativismo cultural é a ideia de que as normas e valores de uma cultura não podem ser julgados pelos padrões de outra cultura. Ele está diretamente ligado ao multiculturalismo, pois defende que todas as culturas têm o mesmo valor e devem ser respeitadas em sua diversidade. O texto destaca que o relativismo cultural é um princípio ético que promove a tolerância e a compreensão da alteridade.
Esse conceito é fundamental para a convivência em sociedades multiculturais, onde diferentes moralidades e comportamentos coexistem. O relativismo cultural também está presente em discussões sobre direitos humanos, onde se questiona a universalidade de certos valores.
O reconhecimento de práticas culturais distintas, como o casamento poligâmico em algumas sociedades, sem julgamento moral baseado em padrões ocidentais.
A cultura de direitos refere-se à ampliação de direitos para grupos que historicamente foram marginalizados ou discriminados. Ela está ligada ao multiculturalismo e ao relativismo cultural, pois busca garantir a igualdade e a dignidade de todas as culturas e identidades. O texto destaca que essa cultura de direitos é um fenômeno das sociedades democráticas contemporâneas, onde há um aumento de leis e normas que promovem a legitimidade de comportamentos e identidades antes discriminados.
Exemplos incluem a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a proteção contra discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.
A aprovação de leis que criminalizam a homofobia e a transfobia, garantindo proteção jurídica para pessoas LGBTQIAPN+.
O texto destaca que a ética é uma atividade teórica e prática que busca resolver problemas de convivência entre seres racionais e livres. As políticas públicas são a materialização prática de conceitos éticos, como tolerância e respeito às diferenças. O professor Elevagne enfatiza que a ética contemporânea é pautada pelo multiculturalismo e pela cultura de direitos, buscando criar normas que possam valer para todos, independentemente de suas diferenças culturais.
Essa abordagem é essencial para a justiça social e a promoção de direitos, especialmente em sociedades multiculturais.
A implementação de políticas de ação afirmativa em universidades, que buscam corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos minoritários.
O ponto de maior atenção no texto é a relação entre multiculturalismo, relativismo cultural e ética. O professor Elevagne destaca que a convivência em sociedades multiculturais exige uma educação ética que promova a tolerância e o respeito às diferenças. Ele enfatiza que a ética contemporânea deve ser pautada por esses princípios, buscando criar normas que garantam a igualdade e a dignidade de todas as culturas.
Podemos concluir que o texto oferece uma visão abrangente sobre a importância do multiculturalismo e do relativismo cultural para a ética e as políticas públicas. Ele destaca que a convivência em sociedades multiculturais exige uma abordagem ética que promova a tolerância e o respeito às diferenças. Além disso, o texto mostra como a cultura de direitos está ligada a esses conceitos, garantindo a igualdade e a dignidade de todos os indivíduos, independentemente de suas origens culturais ou identidades.
O professor Elevagne também enfatiza que a ética contemporânea deve ser pautada por esses princípios, buscando criar normas que garantam a justiça social e a promoção de direitos. Ele destaca que as políticas públicas são a materialização prática desses conceitos, sendo essenciais para a convivência em sociedades multiculturais.
O texto é claro e bem estruturado, apresentando os conceitos de multiculturalismo e relativismo cultural de forma acessível. O professor Elevagne utiliza exemplos concretos para ilustrar esses conceitos, como eventos esportivos globais e políticas públicas de inclusão. Ele também destaca a importância da ética para a convivência em sociedades multiculturais, mostrando como os princípios éticos podem ser aplicados na prática.
Além disso, o texto aborda a cultura de direitos como um fenômeno das sociedades democráticas contemporâneas, destacando sua importância para a promoção da igualdade e da dignidade de todos os indivíduos. Ele também enfatiza a relação entre multiculturalismo, relativismo cultural e ética, mostrando como esses conceitos estão interligados.
No entanto, o texto poderia aprofundar mais a discussão sobre os desafios do multiculturalismo, como conflitos culturais e a dificuldade de conciliar valores distintos. Além disso, poderia explorar mais exemplos de políticas públicas que promovem o multiculturalismo e o relativismo cultural, mostrando como elas são implementadas na prática.
O Lalo, o Laloona, eu sou professor Elevagne, essa é a nossa disciplina ética, cidadania e sociedade
Nessa aula veremos dois conceitos muito importantes
Conseito de multiculturalismo e conceito de relativismo, relativismo cultural
Conseito de multiculturalismo é um conceito tanto quanto recente
O multiculturalismo é um conceito estudado pelos antropólogos, pelos sociólogos, pelos teóricos do que nós chamamos de estudos culturais
Mas também, multiculturalismo, ele passa a ser uma efetividade quando ele adentra o universo das políticas públicas
Mas é importante destacar essa ideia de multiculturalismo, claro que toda a base teórica é fundamental para essas novas políticas
Mas o que é muito importante observar na sociedade atual é a efetividade desses conceitos e a aplicação desses conceitos na estrutura social
Por isso que nós destacamos aqui que multiculturalismo é um termo que abrange tantos estudos como as políticas públicas, porque algumas políticas públicas estão sendo baseadas exatamente nessa visão multicultural
As políticas públicas que propõem entender as sociedades de maneira mais legítima, de maneira mais justa
E portanto, considerar a variedade cultural como algo natural, como algo legítimo e não necessariamente como acontecia em algumas culturas, em algumas realidades políticas, a imposição de uma cultura há outras culturas adjacentes ou outras culturas que de alguma forma se adaptam a essa cultura central
Então, multiculturalismo é um elemento da política atual, é uma constituinte da política atual e está presente no nosso dia a dia em políticas públicas muito visíveis no nosso cotidiano
Alguns teóricos que vão dar a base para esses estudos são bastante importantes
Eu sinto aqui o Stuart Hall, o Charles Taylor, o PR Board E e o Peter McLaren
Cada um desses autores, eles não têm uma unificação teórica
Cada um desses autores trabalha o tema dos estudos culturais e do próprio multiculturalismo, em frontes diferentes
Um autor vai pensar a educação a partir de uma perspectiva multicultural
Um outro autor vai pensar a política global do ponto de vista multicultural
Um outro autor vai pensar o mundo do trabalho, que é bastante importante a ideia da multiculturalidade no mundo do trabalho
Cada vez mais as empresas estão se adaptando a esse universo multicultural no sentido do recrutamento dos seus colaboradores
Então, há um reflexo global dessa ideia do multiculturalismo
E é claro que o multiculturalismo vem como um espécie de reforço nos seus próprios argumentos de um universo da cultura
Como a cultura, a multiplicidade da cultura é amplamente consumida pelo mercado de consumo cultural do qual todos nós fazemos parte
Nós assistimos séries, filmes, novelas, esportes, programas esportivos que reúne, por exemplo, várias culturas no mesmo ambiente, uma Copa do Mundo, por exemplo, é um exemplo clássico disso
A cada momento, a cada evento cultural desse tipo, nós temos a proliferação de uma ideia que é multicultural, da proliferação, da ideia de que as culturas são distintas, como nós já vimos na aula passada, e que as culturas devem conviver em ambientes de tolerância
Veja como isso está diretamente ligado a um princípio ético
Se nós pensamos lá no começo da nossa disciplina, que a ética faz parte desse esforço racional da humanidade de promover ambientes baseados em ações altruístas, ações de tolerância, ações de compreensão da alteridade, isso é compreensão do que é diferente da minha cultura, efetivamente, o multiculturalismo está diretamente relacionado com essa possibilidade
E essa possibilidade é só ocorre efetivamente quando há uma educação do indivíduo, mas quando há a educação, a educação social de coletividades
Então, a própria coletividade contemporânea passa por um processo educacional ético no sentido de conviver com essas alteridades, com essas diferenças
Os autores cada um desenvolve o seu estudo específico, mas todos esses autores e estudo e muitos outros colaboram para uma espécie de divulgação de uma realidade multicultural global no mundo atual
Então, características que são promovidas por essas políticas públicas, por essas ações do estado com relação ao multiculturalismo, observando o multiculturalismo
A valorização das diferenças culturais, o incentivo ao respeito e a tolerância entre as culturas diferentes, a crítica à asemilação de uma cultura minoritária por outra dominante, esse ponto é importante também, porque muitas vezes uma cultura acaba sendo engolida por uma cultura majoritária, econômicamente, politicamente majoritária, ou até do ponto de vista do costume
A promoção da preservação das diversas culturas, isso, de respeito muito, por exemplo, aos chamados povos originários, algumas culturas de povos originários, elas tendem a desaparecer, ou algumas já desapareceram
Essa ideia do multiculturalismo valoriza isso, a preservação das diferenças culturais
Isso é algo que tem um fator econômico também de movimento bastante grande, pontivista doutorismo, pontivista da convivência com culturas diferentes
Há uma tendência, há uma mudança de consciência global de que a diferença cultural é algo que pode ser consumido de um ponto de vista tanto doutorismo, isso vai gerar uma espécie de riqueza local, e também quando pontivista dá a formação do indivíduo
Quanto mais eu conheço das diversas culturas, mas eu compreendo a realidade da existência humano, a multiplicidade de manifestações humanas
Há uma preservação, uma promoção da preservação das culturas diferentes, e a concepção de culturas, como se fossem unidades localizadas, fechadas, distinguíveis entre si, mas que podem se relacionar e que podem ser de alguma forma visitadas e entendidas
A concepção geral é de que não existe uma unidade cultural em sociedades modernas e contemporâneas, as grandes metrópolis, os grandes centros urbanos, são formados por uma multiplicidade cultural, logo essa multiplicidade cultural, existe uma formação ética dos indivíduos, no mundo do trabalho, no mundo do convívio social, e no mundo da própria cultura
Mesmo na cultura brasileira, o Brasil é um país muito grande, então é um bom exemplo para entender que mesmo na cultura brasileira existe uma diversidade cultural, uma diversidade de comportamento, uma diversidade linguística, de certa forma, e uma diversidade de costumes
Então, linguagem, comportamento e costume pode variar de uma região para a outra
E como nós sabemos que o inimigo de todas essas tendências éticas é o preconceito, então a ética trabalha no sentido da diminuição do preconceito com relação a essas diferenças, da nossa cultura e das culturas distintas da cultura brasileira
Quando existe uma, esse é um problema importante, quando existe uma relação de poder ilegitima entre indivíduos que manifestam um tipo de cultura, em relação a outra, uma relação de poder ilegitima entre uma cultura e outra, eu tenho aí um problema ético que deve ser resolvido pela racionalidade através da instituição de políticas públicas de convivência entre a diferença cultural
Então, esse termo multiculturalismo e o termo relativismo, são termos muito próximos, resumo e a ponta para a ideia da coexistencia
A ideia da coexistencia é a ponta para a necessidade da tolerância
Nas sociedades contemporâneas, nós temos a coexistencia de diferenças culturais, de moralidades distintas, de comportamentos diferentes
Nesse contexto político, eu tenho a ação dos estados do poder centralizado, do poder público, no sentido de promover ações multiculturais
Então a ética contemporânea é uma ética pautada pelo multiculturalismo, mais um aspecto do mundo da teoria, do mundo das pesquisas em ciências humanas, das pesquisas sociais, das ciências sociais aplicadas, na própria filosofia, quanto a área da ética, para promover essa convivência cultural dentro de um universo multicultural
Mas o que é diferente nas sociedades de hoje? Surgimento de uma cultura de direitos acaba relativizando esse universo, como que nós podemos explicar esse surgimento de uma cultura de direitos
A medida em que esses grupos vão sendo promovidos como grupos diferentes, mas que devem ter uma respeitabilidade cultural, aumenta a capacidade política, isso é no universo dos direitos, aumenta os direitos particulares
Como aumento dos direitos que se referem a diferenças culturais, cria-se no mundo como um todo nas diversas sociedades, sobretudo nas sociedades democráticas, nas sociedades nas quais a democracia tem uma evolução institucional mais sólida, tem um histórico de mais efetividade, portanto tem mais autonomia e mais liberdade dos indivíduos, nessas interações e nessas reivindicações, naturalmente isso vai criando uma espécie de tendência cultural para a tolerância e para o aumento dos direitos individuais, dos direitos de grupos que eram chamados e são chamados de alguma forma ainda, até hoje de minorias
As minorias não são necessariamente grupos em números menores, mas sim que tem minoria de direito, um número de cidadania, um pouco distinto em relação a grupos culturais mais egemonicos
Então conforme aumenta o direito das minorias, aumenta o que nós chamamos de cultura de direitos
A cultura de direitos é um elemento fundamental das democracias contemporâneas, das modernas democracias
Essa diferença se manifesta na cultura popular, na cultura herodita, na atividade política, na ação social e na representatividade parlamentar
Um aspecto da ética que vai nos levar a uma aula específica sobre representação política, que é baseada na ideia de esclarecimento de autonomia, vai nos levar um aumento essa tendência política, nos levar um aumento da representatividade para parlamentar, ao voto apoliticos que representam esses grupos, e necessariamente vai aumentar o direito desses grupos, isso que é chamado de cultura de direitos
Há um aumento na dinâmica da cultura de direitos de maneira global, principalmente nas democracias mais sólidas
Essa coexistencia é proporcionada por ações dos Estados democráticos de direito
Essas políticas públicas que são efetivadas pelo Estado, pelo governo, vai determinar uma coexistencia de ações dentro do Estado democrático de direito
Se o Estado democrático de direito é o Estado, no qual a autonomia do indivíduo e das diferenças pode ser manifestado, exatamente nesse ambiente que eu tenho uma maior cultura de direitos
Isso é assim, é possível uma nova cultura que vai, de alguma forma, equalizar essas diferentes
O que se viu nas últimas décadas foi um aumento de leis e de normas que promoveram a legitimidade de comportamentos e identidades que eram consideradas reprovadas e diferentes
Há um aumento da cultura de direitos para comportamentos que eram discriminados anteriormente
Isso criou que denominamos cultura de direitos
Para uma definição um pouco mais técnica, o que é a cultura de direitos? Vamos ler aqui o texto
De maneira geral, o direito é um conjunto de normas executáveis coercitivamente, reconhecidas ou estabelecidas e aplicadas por órgãos institucionalizados
Isso é o direito numa definição mais jurídica
A cultura de direitos é um fenômeno de ampliação desses direitos em relação a indivíduos que apresentam comportamentos muitas vezes diferentes, seja por origem cultural, por convicção pessoal ou por identidade
Dentro desse universo, você tem vários exemplos
Um exemplo que é muito divulgado e que é muito presente nas sociedades contemporâneas, é o direito aos indivíduos que pertencem a uma denominação que foi, de alguma forma, sintetizada na sigla LGBTQIAPN
Essa é uma sigla que teve uma composta de letras que vão ampliando esse universo de possibilidades de vida social, reconhecida, legítima, através do direito
Esse é um grande exemplo da ideia de ampliação da cultura de direitos
Isso tem reflexos já no mundo do trabalho, no mundo da cultura, no mundo da política, da representatividade política, e é uma realidade das sociedades democráticas contemporâneas
Para afigurar como um exemplo aqui da cultura de direitos
Voltemos ao multiculturalismo
Quando inventam das novas realidades sociais, o surgimento da cultura de direitos, o desenvolvimento das sociedades multiculturais, o problema do multiculturalismo passa a ser um problema da ética
Por que passa a ser um problema da ética? O problema no sentido de que a racionalidade humana se debrúça sobre essa multiplicidade de fatores para tentar resolver através de normas
Como que a ética alimenta essas soluções? Alimenta no sentido de fundamentar valores, os valores são a tolerância, a coexistencia, e o respeito às diferentes culturas e comportamentos
A partir desses conceitos básicos da ética, você tem elementos para criar políticas públicas
Então as políticas públicas são a efetivação na prática de uma teoria, que é forjada, que é desenvolvida no mundo da filosofia, da sociologia e da antropologia
Então passa-se, e no mundo da própria ciência jurídicas
Isso passa a ser um problema para a ética, porque o desafio é como a racionalidade vai equacionar as diferenças e criar normas que possam valer para todos os seres múltiplos, diversos diferentes, com culturas distintas e comportamentos distintas, e cada um dentro da sua valorização cultural
Tudo bem, concluindo, então, a ética é uma atividade teórica, mas ela também prática, as políticas públicas provam isso, que tem a intenção de resolver os problemas de convivência entre os seres racionais e livres, retomando dois conceitos lá da primeira aula
As sociedades à presença mudam, mudanças que exigem da ética novas perspectivas para soluções problemas, a diversidade cultural e o comportamento é um dos fatores que provocam novas perspectivas éticas para o mundo
Então, o mundo na sua dinâmica cultural vai apresentando mudanças, a teoria precisa de alguma forma municiar os governos, os agentes públicos, com conceitos que possam ser aplicados no sentido de fazer uma justiça social do ponto de vista dos direitos
Até a próxima aula