O texto aborda as diferentes concepções de linguagem ao longo da história, destacando três grandes momentos teóricos que influenciaram o ensino da língua portuguesa. Ele analisa como essas concepções moldaram as práticas pedagógicas e como a linguagem foi entendida em cada período, desde a visão como representação do pensamento até a perspectiva sociointeracionista.
O texto dá especial destaque à terceira concepção - a linguagem como forma de interação - baseada nos estudos de Bakhtin e Vygotsky. Essa abordagem rompe com as visões anteriores ao considerar a linguagem como um fenômeno social, histórico e dialógico, onde o sentido é construído nas relações entre os falantes.
Podemos concluir que o texto apresenta uma evolução histórica das concepções de linguagem, mostrando como cada visão influenciou as práticas educacionais. Ele demonstra que a linguagem não é apenas um sistema de signos ou um instrumento de comunicação, mas sim um fenômeno social que se constrói nas interações humanas. A abordagem sociointeracionista é apresentada como a mais completa, pois considera a linguagem como prática social e histórica.
Essa concepção predominou até a década de 1960 e considera a fala como representação do pensamento. Acreditava-se que uma fala organizada pressupunha um pensamento organizado. A língua era vista como produto do psiquismo individual, sendo a fala o fundamento da língua.
Bakhtin critica essa visão como "subjetivismo idealista", pois a língua é entendida como atos individuais de fala que representam o pensamento. O ensino focava em formar falantes ideais, com ênfase na gramática normativa e na correção ortográfica.
Em uma sala de aula com essa abordagem, o professor corrigiria constantemente a fala dos alunos, exigindo que usassem uma "língua ideal" e universal, sem considerar o contexto social ou as variações linguísticas.
Influenciada pelos estudos de Saussure, essa concepção vê a língua como um sistema fechado de regras e convenções. A linguagem é entendida como um código que transmite informações de um emissor para um receptor. Jakobson desenvolveu essa ideia ao propor as funções da linguagem.
Apesar de reconhecer o caráter social da língua, essa abordagem a aprisiona dentro de um sistema formal, estudando-a de forma imanente. O ensino era prescritivo, orientado pela gramática normativa e descritiva, priorizando modelos ideais de construção linguística.
Um exercício típico dessa abordagem seria analisar um texto apenas sob a perspectiva gramatical, identificando sujeito, predicado, concordância verbal, sem considerar o contexto de produção ou os efeitos de sentido.
Baseada nos estudos de Bakhtin e Vygotsky, essa concepção entende a linguagem como prática social, resultado de construção coletiva e de processos de interação. A linguagem é vista como fator que constitui o homem, tendo função social e comunicativa.
Bakhtin propõe um olhar dialógico sobre a linguagem, estudando-a em enunciados concretos. A linguagem é entendida como ato social que se realiza e se modifica nas relações sociais, sendo meio e resultado da interação humana.
Em uma sala de aula com essa abordagem, os alunos seriam incentivados a produzir textos considerando o contexto, o interlocutor e a finalidade comunicativa. O professor analisaria como os sentidos são construídos nas interações, valorizando as diferentes vozes e perspectivas.