O texto aborda a concepção sócio-interacionista da linguagem, destacando como a língua é estudada pela linguística e as diferentes teorias que a explicam. Ele discute a complexidade da língua como objeto de estudo científico, a importância do ponto de vista teórico na pesquisa linguística e as principais concepções de linguagem ao longo da história da educação.
A principal ênfase do texto está na ideia de que a língua é um objeto científico "escondido" porque está internalizada nos falantes, e que o ponto de vista teórico é fundamental para estudá-la. Isso contrasta com objetos de estudo externos, como as plantas na botânica.
O texto demonstra que a língua é um fenômeno complexo que pode ser estudado sob diferentes perspectivas teóricas. Ele mostra a evolução das concepções de linguagem na educação e destaca a importância da abordagem sócio-interacionista, que vê a linguagem como um ato social e interativo, carregado de valores ideológicos.
Ferdinand de Saussure, fundador da linguística moderna, introduziu a ideia de que a língua é um objeto científico "escondido" porque está internalizada na mente dos falantes. Diferente de objetos externos como plantas (estudadas pela botânica), a língua não pode ser observada diretamente, apenas através de seus usos.
O texto faz uma analogia entre linguistas e botânicos para mostrar a diferença entre objetos de estudo externos e internos. Enquanto as plantas são objetos externos que podem ser observados diretamente, a língua é um objeto interno que só pode ser estudado através de seus usos concretos.
O texto apresenta quatro grandes teorias linguísticas:
O texto apresenta três concepções históricas de linguagem:
Baseada nos trabalhos de Bakhtin e Vygotsky, essa perspectiva vê a linguagem como:
O lá pessoal tudo bem? Hoje eu queria conversar com vocês sobre a concepção sócio interacionista da linguagem. Eu tinha pedido para vocês leerem um texto, que era o texto do professor Doutora Thaliba de Castilho, que estava lá no livro 9 gramática do português brasileiro. Eu pedi para vocês leerem uma pequena parte do capítulo 1 desta obra. No percurso argumentativo dele, ele começa dizendo que a língua natural pode ser entendida como um objeto científico escondido, e ele coloca esse escondido entre aspas. É importante que a gente entenda o que significa isso, principalmente para quem está estudando letras, mas para quem está estudando outras formas de linguagem, como matemática, o que significa um objeto científico escondido, porque a língua natural seria esse objeto científico com essa característica exatamente. Sempre que a gente vai ler um texto acadêmico, é importante que a gente não passe despercebido por esse tipo de afirmação. É importante que a gente sempre entenda como essa afirmação se justifica no contexto. Não sei se na primeira leitura que vocês fizeram, vocês pensaram sobre isso, mas eu queria ressaltar um pouquinho essa questão. Ele faz uma analogia que a analogia estabeleceu uma relação de semelhança, e é um recurso didático bastante usado em textos acadêmicos. E ele, a analogia que o professor atalípa faz, é uma analogia entre os linguistas e os botânicos. Então, os botânicos são aqueles biólogos especializados em plantas. E a pesquisa que eles fazem é num objeto, então, chamado Plantas. Esse é o objeto científico de estudo dos botânicos. E as plantas são necessariamente externas ao pesquisador. Então, a fisiologia da planta, o comportamento da planta, as condições ideais para proliferação daquele tipo de vegetal, são todas questões sempre externas ao pesquisador. Enquanto a língua é o objeto de pesquisa, o objeto científico, portanto, dos linguistas, mas ela é interna ao pesquisador. Então, a gente diz que pesquisar uma língua natural é pesquisar um objeto científico escondido, porque a língua ela está sempre interna a nós mesmos. Então, a objeto guardado em sua mente, na mente do pesquisador. Então, assim, se justifica esse uso de objeto científico escondido. E é importantíssimo que a gente entenda isso, porque, na verdade, essa expressão foi usada pela primeira vez, pelo Ferdinand de Socir, que é considerado o fundador da linguística moderna. Então, ele usou essa expressão da língua como objetos escondidos para ressaltar uma questão importantíssima, que é do ponto de vista. Então, a gente deve sempre decidir qual é o ponto de vista, a partir do qual estamos tomando um dado objeto. O Socir vai dizer que bem longe de dizer que o objeto precede o ponto de vista, ou seja, bem antes do ponto de vista, diríamos que é o ponto de vista que clica o objeto. É uma afirmação complexa, densa, de entender, mas a gente pensar, por exemplo, nas plantas, a mesma analogia que o professor Ataliba fez, as plantas existem como plantas e como objeto científico da botânica, porque a gente criou um ponto de vista. A gente criou um ponto de vista. Não tem criar esse ponto de vista e passar por uma vegetação em tudo e identificar aquilo como planta com objeto científico, nem nada disso. Isso é uma construção da ciência clássica, dessa ciência, da descrição. Então, isso é uma construção recente, não é? Desde sempre que uma planta foi uma planta no sentido de uma planta, que é o objeto de estudo, de uma ciência chamada biologia, por exemplo. Então, a gente diz que é sempre o ponto de vista que cria o objeto de estudo. E quando a gente vai estudar qualquer objeto dentro da universidade, a gente vai ter que dizer qual é a teoria que a gente está usando para observar aquele objeto. A gente tem que dizer como é que a gente está observando, porque isso caracteriza o trabalho científico, porque é um conjunto de métodos verificáveis e replicáveis por um grupo de cientistas, é isso que faz que dá o rigor do trabalho acadêmico da pesquisa científica. E essa teorização, essa espada de teorizar, nossa palavra vem da palavra teoria, que por sua vez deriva de uma palavra grega, que tem um sentido muito parecido com o sentido de ponto de vista mesmo. Então, a teoria é estabelecer um dado ponto de vista. O professor da Thaliva conversa sobre isso também no texto dele. E ele vai dizer até que ele vai reproduzir um diálogo que é bem interessante, um pouquinho depois de explicar essa questão do ponto de vista, porque ele fala que a partir disso tem algumas gramáticas, ou seja, algumas formas de teorizar a língua, que ele chama de quatro grandes teorias linguísticas, e ele vai colocar cada uma delas. E aí ele simula um diálogo, mas que droga, eu pensava que a gramática fosse uma coisa só. Pois é, não poderia ser visto que a língua é muito complexa. Então, porque a gramática não pode ser uma coisa só, talvez como vocês tenham a impressão vindo do ensino médio de que seja, porque a língua é muito complexa para ter apenas uma gramática, uma maneira de enxergá-la. Então ele diz, inteirando-se disso tudo, você entenderá por que há afirmações conflitantes sobre uma mesma questão de gramática. Poderá desenvolver um raciocínio mais flexível, aceitando as diferenças de ponto de vista. E, sobretudo, poderá desenvolver suas próprias observações sobre um fenômeno tão importante para nossa identidade pessoal e social, a língua que falamos e sua gramática. O objetivo maior deste livro é fazer pensar. E aí eu tome emprestado nas palavras do professor Atalíboa para dizer que esse curso também, o objetivo maior desse curso é fazê-los pensar sobre a leitura e a escrita, sobre a leitura e a produção de textos, pensar críticamente sobre essas atividades que são centrais no fazer acadêmico. As quatro garantiz teorias linguísticas que o professor Atalíboa coloca são essas, a língua como um conjunto de produtos. Aí a gente teria uma gramática descritiva, que é uma gramática bem próxima da concepção clássica de ciência, que vai descrever os movimentos, vai descrever a língua. Então a língua é um conjunto de produtos que seriam descritos. A segunda teoria é a língua um conjunto de processos mentais e estruturantes. Aí a gente tem a gramática funcionalista, cognitivista. A terceira, a grande teoria é um conjunto de processos e de produtos que mudam ao longo do tempo. Então a gente teria a gramática histórica. E a quarta teoria, talvez a mais conhecida, a língua é um conjunto de usos bons. Aí a gente teria a gramática descritiva ou a gramática normativa, que é ainda a que se dá mais ênfase na escola. O que se enfatiza na escola é o ensino desses usos bons. Os bons dessa gramática se conjuntam de normas, de prescrições, de como se fazer um bom uso da língua. Enquanto a gente tem aí outras três grandes teorias linguísticas que costumam aparecer muito pouco na escola. Por exemplo, a parte histórica quase nunca aparece. A gramática funcionalista cognitivista começa a entrar na escola de algumas décadas para cá. E a gramática descritiva, a gente pode dizer que ela sempre teve presente, mas muito mezclada com a gramática prescritiva normativa. Bom, existem também como a gente já viu três concepções de linguagem. Então a primeira concepção e essas três concepções têm a ver com essas teorias. A primeira delas é a linguagem como expressão do pensamento, depois a linguagem como instrumento de comunicação, depois a linguagem como interação. A gente vai ver. Agora, cada uma dessas concepções, a linguagem como expressão do pensamento, ela prevalece no ensino até o final da década de 60. Então quem teve a oportunidade de estudar nessa época, talvez os avós de vocês, aprendeu com uma certa ênfase na fala e com uma concepção de que uma fala organizada era o resultado de um pensamento organizado. Essa concepção, como fica claro aí, ela dá uma grande ênfase no psiquismo individual. Então se o indivíduo tem um pensamento organizado, se ele consegue racionalizar e organizar o seu pensamento, só fala vai ser organizada também. Então a escola deve ensinar a falar, a escrita relegada a um segundo plano e há um grande enfoque na gramática normativa prescritiva, enfoque esse que, como eu já disse, permanece ainda hoje nas escolas. A linguagem como instrumento de comunicação, ela prevalece no ensino, essa concepção durante a década de 70 e a dentro nos anos 80. Nesse caso, a linguagem entende como um sistema fechado de regras e convenções. A linguagem vista como uma estrutura concreta então um código passível de ser analisado internamente. Então como ela é um sistema fechado de regras e convenções, pode ser que ela é um código, ela tem uma estrutura. E daí essa corrente chamada de estruturalismo. Curge o principal nome é justamente o socirro que a gente viu no começo do vídeo. A partir do estruturalismo começa a ser uma reflexão bastante grande, principalmente na Europa, sobre as línguas. E começa a se considerar também o caráter social da língua. E aí, surge o funcionalismo, que é uma das teorias linguísticas do acumentadas pelo professor Ataliba. E, por fim, a linguagem como forma de interação, ela passa a ser difundida nos anos 80. Os principais nomes são dois rusos, Baktim e Vigoteski. E a linguagem entendida como social, ou seja, a linguagem é o resultado de uma construção coletiva e de processos de interação. O Vigoteski traz a ideia de que a linguagem possibilita um contato com o mundo. Então, essa questão da interação do sujeito com o mundo e essa interação acontece por meio da linguagem. Essa é uma ideia que para a gente hoje parece bastante óbvia, mas que foi uma construção, foi um processo de reflexão do Vigoteski, que afetou diretamente os estudos sobre educação sobre ensino. E o Baktim propõe um olhar diológico sobre a linguagem. Diológico vem de diálogo. Então, esse diálogo precipõe um outro com quem, falamos com quem interagimos. Para Baktim, 2004, a linguagem é um ato social que se realiza e se modifica nas relações sociais. E é o mesmo tempo meio para a interação humana e resultado dessa interação, já que seus sentidos não podem ser convínculados do contexto de produção. A linguagem é, portanto, de natureza social e ideológica. E tudo o que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Então, aí fica uma citação sobre essa noção de interação, que é fundamental para essa concepção da linguagem como forma de interação. Então, essa perspectiva, só se interacionista, considera o discurso, que está no centro, não é mais a palavra ou um phonema, mas o discurso. E o discurso tem alguns elementos que são insegados e são inseparáveis que sempre estão presentes. A língua, os falantes e os seus atos de fala, que são realizados em determinadas esferas sociais e carregam valores ideológicos. Então, o discurso, ele é o interrelacionamento obrigatório de todos esses elementos indissociáveis. Essa questão da presença do outro, carácteriza, então, essa perspectiva ideológica e interacional dessa concepção. Eu coloquei aqui para vocês as referências bibliográficas que eu usei no vídeo. Espero que tenha ficado claro e que vocês tenham entendido. Obrigada.