O texto discute o ensino da Língua Portuguesa, analisando a evolução das propostas pedagógicas, especialmente aquelas influenciadas por João Wanderley Geraldi. Os autores refletem sobre como as ideias originais de Geraldi foram adaptadas, distorcidas ou abandonadas ao longo do tempo, e como isso afeta a formação de professores e alunos. O foco principal é a produção de conhecimento na universidade e a relação entre a escrita acadêmica e as demandas sociais.
O ponto central é a crítica à forma como as propostas originais de Geraldi foram adaptadas, perdendo seu caráter transformador. Os autores destacam que, embora o discurso sobre "produção de textos" tenha substituído o termo "redação", a prática pedagógica muitas vezes mantém a mesma lógica de ensino tradicional, focada em normas e conformidade, em vez de promover a reflexão crítica e a produção de sentido.
O texto conclui que há uma desvinculação entre o discurso pedagógico e a prática real no ensino de Língua Portuguesa. A universidade, como espaço de produção de conhecimento, muitas vezes reproduz modelos limitados de escrita, sem promover a formação de sujeitos críticos. Além disso, a relação entre língua padrão e poder continua a marginalizar as variedades linguísticas não hegemônicas, perpetuando desigualdades sociais.
Os autores discutem a importância de ir além da repetição de ideias já estabelecidas, valorizando a curiosidade criativa. Eles criticam a tendência de repetir conceitos sem contribuir para o avanço do conhecimento. A homenagem a Geraldi é feita através da continuidade de seu trabalho, não apenas da repetição de suas ideias. Os autores destacam a necessidade de formar sujeitos críticos, capazes de questionar as bases da sociedade.
Exemplo: A substituição do termo "redação" por "produção de textos" nos discursos dos professores, sem que isso represente uma mudança real na prática pedagógica.
Os autores analisam a influência de Geraldi no ensino de Língua Portuguesa, especialmente no Oeste do Paraná. Eles destacam a distinção entre "produção de textos" e "redação", onde a primeira envolve a produção de sentido e a segunda, a mera reprodução de normas. No entanto, observam que essa distinção muitas vezes é apenas terminológica, sem refletir uma mudança real na prática pedagógica.
Exemplo: A incorporação do termo "produção de textos" nos discursos dos professores, sem que isso represente uma mudança na forma como a escrita é ensinada.
Os autores analisam a escrita acadêmica, destacando problemas de coesão, coerência e formalidade. Eles propõem duas hipóteses: a existência de uma cultura que tolera a escrita precária e a dificuldade da escola em inserir os indivíduos na cultura escrita. A análise é baseada em relatórios de estágio, que apresentam problemas como repetições, uso inadequado de tempos verbais e falta de conexão entre as ideias.
Exemplo: Fragmentos de relatórios de estágio com problemas de coesão e coerência, como repetições de pronomes e falta de conexão entre as ideias.
Os autores discutem a relação entre língua padrão e poder, destacando como a variedade linguística prestigiada é aquela da classe economicamente favorecida. Eles criticam a ideia de que a língua padrão é a única correta, argumentando que as variedades linguísticas não hegemônicas também têm valor. A análise é baseada em estudos de Geraldi e outros autores, como Pêcheux e Angel Rama.
Exemplo: A valorização do falar não-padrão pelos ocupantes das esferas do poder quando estão fora do poder, e a recriminação desse falar quando retornam ao poder.