Paulo Freire, um dos mais importantes educadores brasileiros, dedicou grande parte de sua obra à discussão sobre a leitura e a alfabetização, especialmente no contexto da educação de adultos. Em sua obra mais famosa, Pedagogia do oprimido (1967), ele já abordava a importância da leitura como um processo de expressão pessoal, defendendo que "aprender a ler é aprender a dizer a sua palavra".
Em A importância do ato de ler (1982), Freire aprofunda sua reflexão sobre a leitura, destacando a relação entre a leitura da palavra e a leitura do mundo. Para ele, a alfabetização não é apenas um processo técnico, mas um ato político e criador, que permite às pessoas compreenderem sua realidade e transformá-la.
Freire defendia que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, ou seja, antes de decifrar letras, é preciso entender o contexto em que se vive. Ele chamava isso de "palavramundo", uma união entre linguagem e realidade. Essa ideia foi aplicada em projetos de alfabetização em países como São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, onde ele e sua equipe usavam temas geradores – palavras e situações do cotidiano dos alunos – para ensinar a ler.
Um exemplo clássico é a palavra "tijolo", usada em um projeto com trabalhadores da construção civil. Essa abordagem permitia que os alunos relacionassem o que aprendiam com sua própria experiência, tornando o processo de alfabetização mais significativo.
Carlos Rodrigues Brandão, um dos colaboradores de Freire, escreveu sobre essa metodologia, explicando que ela não é apenas um "método", mas uma forma de ensinar que conecta a leitura de textos com a compreensão do mundo. Em sua obra História do menino que lia o mundo, Brandão ilustra essa ideia através de um jogo de palavras semente, que ajuda crianças a aprender a ler a partir de situações do seu cotidiano.
Freire também compartilhou suas próprias experiências de alfabetização, como quando, ainda criança, aprendeu a ler com palavras escritas na terra do quintal. Essa vivência reforçou sua crença de que a educação deve partir da realidade dos alunos, tornando o aprendizado mais próximo e relevante.
Em resumo, para Paulo Freire, a leitura é um ato de conhecimento e transformação, que exige uma postura crítica e a capacidade de relacionar o que se lê com o mundo em que se vive.
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