Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido (1967), propõe uma abordagem inovadora para a alfabetização, focando no uso de "palavras geradoras". Essas palavras são escolhidas a partir do vocabulário cotidiano das pessoas, refletindo sua realidade e experiências.
Diferente dos métodos tradicionais que ensinam letras e sílabas de forma isolada, Freire defende que a aprendizagem deve começar com palavras completas, que depois são decompostas em sílabas. Isso motiva o aluno a entender a estrutura da linguagem e a criar novas palavras e frases.
"Aprender a ler e escrever não é apenas dominar o alfabeto, mas aprender a expressar seus pensamentos e a compreender o mundo ao seu redor."
Freire critica a "educação bancária", onde o professor deposita conhecimento nos alunos sem interação. Seu método é analítico e parte da realidade dos alunos, usando palavras que fazem sentido para eles, como "Benedito", "Jovelina", "mata" e "fogo". Essas palavras são simples e contêm sons básicos, facilitando a aprendizagem.
Com o tempo, palavras mais complexas como "enxada", "chuva" e "produção" são introduzidas, sempre vinculadas ao contexto de vida dos alunos. O objetivo é que eles aprendam a ler e escrever enquanto refletem sobre sua própria realidade.
Para Freire, a alfabetização é um ato político e criador. Ele acredita que aprender a ler o mundo é tão importante quanto aprender a ler palavras. Como ele diz: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra".
Carlos Rodrigues Brandão, em O que é método Paulo Freire, exemplifica como palavras como "Benedito" e "Jovelina" foram usadas no Movimento de Educação de Base em Goiás (1964), mostrando como o método se baseia no vocabulário real das pessoas.
Em resumo, o método de Freire transforma a alfabetização em um processo de conscientização, onde a linguagem está ligada à realidade e à transformação social.
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